quinta-feira, 29 de novembro de 2012

PAI E FILHA.

 Só mais uma quinta-feira. Já passara das 10 da noite, estranhamente calma. Uma noite de outono. Sem nuvens, sem lua. Somente estrelas e um leve vento fresco. Nada de carros buzinando, cachorros latindo, ou helicópteros voando. Nada, só o som da brisa batendo nas cortinas de seu quarto. Ela estava deitada, meio acordada, meio dormindo. A luz se acende.


     Onde estaria Ele? Seria Ele? Claro, não há duvidas. “Papai, que saudade”. É, ela sabia que a noite seria especial só de vê-lo. Eles sempre conversavam ao fim do dia, mas dessa vez, era diferente.

-Não me pergunte nada, apenas coloque um casaco, nós vamos sair. E se agasalhe bem, minha filha. E sim, pode pegar seu ursinho, ele também pode vir.

     Houve apenas um segundo de hesitação, mas ela já estava de pé, com um casaco cor de rosa, que mais parecia um vestido, de tão pequena que ela ainda era. Seu ursinho, o morango, embaixo do braço, um protegendo o outro. Ela caminha em direção à porta, a imaginar aonde iriam, o que fariam, os passeios com Papai sempre guardavam surpresas das mais agradáveis. Ao tocar a maçaneta: Não, não. Hoje não vamos sair por aí, filhinha. Venha cá. Sairemos por aqui – diz Ele, sentado na janela, com as pernas para fora. – Não tenha medo, confie em mim. Ela dá alguns passos.

-Aonde vamos? Vamos voar? – Pergunta ela, numa mistura de euforia e medo. Ele apenas acena que sim com a cabeça.

-Respire fundo, abra seus olhos, olhe para o céu. Acho que iremos conhecer uma estrela esta noite. Você gostaria? Então pegue sua capa. Vista-a. Voe.

Eles, não sabendo que era impossível, foram lá e voaram.



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